facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 25 de Abril de 2024
25 de Abril de 2024

05 de Dezembro de 2016, 08h:09 - A | A

OPINIÃO /

Inovar para crescer

O que nos falta é essa compreensão de futuro como algo que se constrói

VICENTE VUOLO



O mundo está em constante transformação. As transformações são tão grandes e rápidas que muitos ainda estão atônitos com a velocidade com que a China se transformou na segunda potência mundial. Da mesma forma, a União Soviética, que era a grande força dos anos de 1970 e 1980, perdeu a posição quase que na mesma velocidade. E a Índia e a Coréia do Sul alcançaram um papel de destaque na atualidade.

A inovação é derivada do termo latino “innovatio”, e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado. No contexto da ciência econômica a palavra “inovação” foi introduzida pelo economista austríaco Joseph Shumpeter (Teoria do Desenvolvimento Econômico) na sua obra Business Cycles, de 1939. Segundo o autor, a razão para que a economia saia de um estado de equilíbrio e entre em um processo de expansão é o surgimento de alguma inovação, do ponto de vista econômico, que altere consideravelmente as condições prévias de equilíbrio.

Christopher Freeman, renomado economista inglês, dedicado a pesquisas em inovação econômica e tecnológica explica que muitas pessoas confundem inovação com invenção. Para Freeman, inovação é o processo de tornar oportunidades em novas ideias e colocar essas ideias em prática de uso extensivo. Para que isso aconteça são necessários mudança e empreendedorismo.

Ou seja, o sucesso das nações é consequência de as nações serem competentes na criação de um ambiente que estimule suas respectivas empresas a serem inovadoras. Por trás de todo está a forma como essas nações souberam lidar com o tema da inovação e com a competência que tiveram para desenvolver seus respectivos planos estratégicos de longo prazo.

O professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, Paulo R. Feldmann, afirma que o “novo paradigma da competição é baseado na capacidade dos países e de suas respectivas empresas de inovar”. O professor questiona, por exemplo, se somos um dos países mais bem-dotados em termos de exposição solar, por que não podemos ser uma potência na fabricação de coletores solares e outros equipamentos ligados a essa nova forma de energia? Por que não houve um plano para isso?

Não precisa ser nenhum professor para indagar, sendo o nosso país, de dimensões continentais e grande produtor de alimentos, por que não existe um Plano Nacional Ferroviário?

Há quem diga que não dá certo no Brasil porque não sabemos planejar, que não temos cultura de planejamento, nem disciplina para seguir um plano. Falso! Essa era a mesma desculpa que davam em vários países, que seu povo não sabia planejar. Sabemos sim, temos capacidade e disciplina.

Falta-nos é lideranças que compreendam a importância de se unir a sociedade a partir de um projeto de desenvolvimento que organize planos setoriais de desenvolvimento e crie um movimento de unidade nacional em torno de objetivos claros.

A Coreia do Sul fez isso. Era mais pobre que o Brasil em 1970 e hoje é uma potência. Uma sociedade que caminha rapidamente para ser uma das mais desenvolvidas do planeta. Os países do norte da Europa, Finlândia, Noruega, Dinamarca, Suécia, eram também países pobres. Recentemente a Irlanda e Islândia começaram a construir suas estratégias nacionais de desenvolvimento e estão começando a colher frutos de suas decisões políticas.

O que nos falta é essa compreensão de futuro como algo que se constrói e que isso se faz com a definição de estratégias, de um programa nacional e de planos setoriais.

Destruímos nossas ferrovias não porque nos esquecemos delas. A malha ferroviária foi destruída porque a indústria automobilística precisava que os investimentos se concentrassem no asfaltamento de rodovias. Assim como os trilhos de bondes foram arrancados por causa dos interesses da indústria de pneus e ônibus.

Erramos! Hoje sabemos que podemos fazer os dois, manter estradas (sem priorizá-las) e construir uma malha ferroviária para servir de base à logística nacional. Mas precisamos de um plano claro e não de ideias atrasadas de que o mercado faz tudo sozinho.

O exemplo dos outros países nos mostram que é possível seguir um caminho de construção do futuro próspero, sem precisar afundar o país em uma recessão, em desemprego e no desânimo. O Brasil não é pior que esses países, nem os brasileiros são indolentes. Está na hora, bem na hora, de mudarmos nossa trajetória. Ter mais ousadia. Inovar para crescer. Podemos fazer isso!

Vicente Vuolo é economista, cientista político e analista legislativo do Senado Federal.

>>> Siga a gente no Twitter e fique bem informado

Comente esta notícia