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Cuiabá, 25 de Abril de 2024
25 de Abril de 2024

16 de Dezembro de 2014, 14h:45 - A | A

GERAL / ACESSO À EDUCAÇÃO

Mais de 20 mil crianças ficam fora das creches públicas de Cuiabá

Mães que precisam trabalhar para ajudar no orçamento doméstico estão indignadas com problema antigo

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO



Já acabaram todas as vagas nas creches públicas – estaduais e municipais - de Cuiabá para 2015 e mais de 20 mil crianças com idades entre zero e três anos ficaram de fora.

Mães, que precisam trabalhar para complementar o orçamento doméstico, estão indignadas com o que consideram ser falta de interesse em resolver este problema social antigo.

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Algumas delas não sabem como vão fazer ano que vem para achar alguém que cuide de seus filhos, enquanto trabalham.

Diante desta situação, Estado e município respondem que não têm obrigação legal de atender esse universo de crianças.

O município, que possui 51 creches na capital, abriu inscrições dia 4 de dezembro, mas 24 horas depois as vagas já estavam esgotadas.

Mais rápido ainda acabaram as vagas nas duas únicas creches estaduais – Nasla Joaquim Aschar e Maria Eunice Duarte de Barros – que são inclusive referências de qualidade no atendimento. O sistema de matrícula on line aberto hoje às 8 horas para ambas encerrou cinco minutos depois.

A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) explica que é muita concorrência para apenas 45 vagas em cada unidade. Querendo assegurar uma delas, mais de 420 pessoas já estavam logadas antes das 8 horas.

É o caso da assistente administrativo Heloisa Faustina, de 26 anos, mãe da Yasmin, 3, que tentou uma vaga na Nasla ou na Maria Eunice. “Eu nem dormi direito esta noite, para entrar no sistema o quanto antes. Mas não consegui, claro”, reclama. Ela trabalha para ajudar o marido, que é vendedor de loja, com as despesas da casa. Enquanto isso, está deixando a menina com um e com outro. “Hoje ela está com uma prima do meu esposo, cada dia a gente tem que dar um jeito diferente”. Desde o primeiro ano da menina, Heloisa tenta achar vaga em creche pública e não consegue.

Neste final de ano, ela, que mora no bairro Nova Conquista, já procurou três unidades. “Não pode ser tão longe de casa, senão não tem como levar e buscar a criança”, explica.

Outra que está revoltada com essa situação é a atendente Thaís Taques, de 28 anos. “Nunca na vida consegui vaga nem para a Maria Eduarda, que tem 2 anos e 3 meses, e nem para o meu filho, Cauã, que já está em idade escolar (8 anos)”, reclama. O jeito, segundo ela, é pagar creche particular, mas, na opinião dela, não tem como achar um lugar seguro por menos que R$ 350.

A Assessoria de Imprensa do município de Cuiabá explica que o Plano Nacional de Educação, sancionado este ano pela presidente Dilma Rousseff (PT), tem validade de uma década e prevê que somente em 2023 os municípios brasileiros estarão obrigados a atender 50% da demanda de crianças de zero a 3 anos. Cuiabá hoje atende 25%. 

Já o Estado argumenta que oferecer educação para essa faixa etária é papel do município. Que as duas únicas creches estaduais, mantidas até hoje, surgiram de uma iniciativa para atender filhos de servidores públicos e que já tentou municipaliza-las, mas a Prefeitura alega que não tem condições de assumi-la, mantendo o nível de excelência, com a estrutura oferecida hoje. 

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