NANDA RENATÉ
DA REDAÇÃO
A cobra Jararaca é considerada o animal peçonhento que mais causa acidentes em Mato Grosso. Em mais de 90% dos casos são da espécie, que picou a médica Dieynne Saugo no domingo (31/8), na cachoeira Serra Azul em Nobres (146 km de Cuiabá). Isso acontece porque ela é o grupo que tem mais espécies distribuídas no Estado.
A SES (Secretaria de Estado de Saúde) registou em 2019, 1.418 acidentes com cobras em geral. Já em 2020, até o momento, foram contabilizados 748 casos. “De acordo com os registros no Sistema de Informação, se compararmos um ano com o outro, não houve aumento até o momento”. Afirmou a assessoria do órgão. Neste ano, Cuiabá contabiliza 153 notificações e foi, até o momento, o município com maior número de casos.
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Apesar disso, ao , o professor Marcos André de Carvalho, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), especializado em animais peçonhentos, explica que Jararaca não tem o instinto de perseguir ou atacar, ela age na defensiva e por isso acredita que isso possa ter ocorrido com a médica Dieynne Saugo. “Eu vendo aquele vídeo da cachoeira, fiquei em dúvida que talvez ela possa ter se aproximado da cobra. A serpente devia estar embaixo da cachoeira em alguma pedra e quando a médica chegou perto, ela acabou atacando. A Jararaca ter caído da cachoeira é a mesma possibilidade de ter ganhado na mega-sena, é muito inusitado”, comenta.
A Jararaca que picou a médica na cachoeira é a espécie que mais causa acidentes na Baixada Cuiabana. A cobra é bastante encontrada nas regiões de Barra do Garças, Sinop, Poconé, Nobres e Serra de são Vicente. “Ela é a espécie muito mais fácil de ser encontrada que uma cascavel ou coral, por isso há maior chance de acidente”.
Em cativeiro, a Jararaca vive de 10 a 20 anos e pode atingir até mais de 1,5m, quanto maior, mais venenosa. Quando a pessoa é picada nos primeiros minutos os efeitos são dor, sangramento, características devido o veneno alterar características do sangue.
No hospital são observados os sintomas e feito o exame de para confirmar qual espécie e ver a quantidade suficiente de soro necessária. Se não for venenosa não há necessidade do antídoto.

A médica Dyenne Saugo ficou em estado grave após ser picada por uma Jararaca
Os antídotos são produzidos por três estados no Instituto Butantã (SP), Vital Brasil (RJ) e fundação Ezequiel Dias (BH).
O Centro de Informações de Antiveneno (CIAVE) explica que o soro é distribuído no mapeamento que é feito pela Secretaria de Saúde do Estado e mensalmente é trocado o estoque, pois ele vence.
No momento não há problemas em encontrar antídotos. Em 2017 até o começo no ano passado, houve baixa nos estoques, aqui e em outros estados. Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ministério da Saúde exigiram dos centros produtores melhorias e a espécie de um selo de qualidade, o tornando mais caro. “A Secretaria de Saúde teve que comprar uma quantidade menor da produção e a distribuição do Brasil ficou limitada. Após isso houve campanhas para a otimização do uso do soro por que em alguns lugares os médicos usavam como se todo caso fosse grave e não é. Então tem as quantidades certas de ampolas para cada situação. Depois desses programas de conscientização, não temos mais problemas”, afirmou a assessoria do CIAVE (Centro de Informações de Antiveneno).
Transferida para SP
A médica Dieynne Saugo, de 33 anos, picada por uma jararaca enquanto tomava banho de cachoeira, foi transferida na noite de quinta-feira (03) para o hospital Albert Einsten, em São Paulo, onde faria uma cirurgia no braço.
De acordo com informações da irmã de Dieynne, Nathalia Saugo, a transferência foi possível devido à ajuda de muitas pessoas. Ela explica que a irmã tem plano de saúde, mas que o Albert Einsten não aceita o plano. Desta forma, foi necessário o pagamento de R$ 200 mil para que a médica fosse aceita na unidade de saúde, além de R$ 50 mil para o transporte em UTI aérea.
Veja vídeos:
Eric 08/09/2020
Médico sem dinheiro também é uma coisa difícil de se encontrar.
Joaquim Silva 07/09/2020
Porém, em locais em que ocorrem turismo ecológico,, onde o contato com animais peçonhentos é comum, não existir soros antiofídicos e outros, é um absurdo!!
2 comentários