Candidato a vereador pode ter se matado por causa de "namorada"

MAYARA MICHELS

O mototaxista  e candidato a vereador Lázaro Pinto de Miranda, conhecido como “Pingo” do PSDC, de 32 anos, que se suicidou na noite de domingo (12), em Várzea Grande, estava com depressão e pode ter tido um surto, por não aceitar o término de um relacionamento amoroso. Segundo informações da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde de Cuiabá, Lázaro foi levado pela mãe no inicio deste mês para ser medicado no Hospital Adalto Botelho.

Segundo a Polícia Civil, ele foi levado para o hospital quando teve o primeiro surto após o término do namoro. Com a crise, a mãe - que mora em Cuiabá - o levou para atendimento psiquiátrico. No hospital, teve atendimento e depois foi internado para medicação. Após se acalmar e ter sido orientado a continuar o tratamento foi liberado. "A angústia de um amor não correspondido, deve ter piorado a depressão que ele já tinha", afirmou um médico ao RepórterMT.

Há três meses, Lázaro passava as horas livres no partido. Disposto a ajudar em qualquer coisa, até que foi convidado a ser candidato a vereador nas próximas eleições. O sofrimento pela relação amorosa que Lázaro poderia estar tendo, a presidente do partido, a professora Aparecida Zodinho, disse não saber, já que na sede do partido é proibido conversar qualquer assunto a não serem questões do partido.


Segundo a psicólogos ouvidos pela reportagem, existem causas imediatas predisponentes que agem como o último empurrão para o suicídio, como perda do emprego, fracasso amoroso, morte de um ente querido ou falência financeira.

Lázaro morava sozinho e não tinha filhos, por isso tinha a vida bem reservada. Ele também fazia o curso de Serviço Social, na Universidade Unopar, em Várzea Grande. Vizinhos e membros do partido conversavam sempre com ele, mas não tinham conhecimento sobre a vida pessoal de Lázaro, segundo a presidente do PSDC, Aparecida Zodinho, conhecida como professora Cida.

Segundo um primo de Lázaro, Jorge Souza, a família está chocada com o suicídio. “O jeito em que ele se matou assustou não só a família como todos em que souberam do caso. Sou primo dele, morava perto dele, e sabia pouco da vida dele. Pra mim ele não tinha problema nenhum”, disse.

Segundo a Professora Cida, Lázaro tinha depressão, mas fazia de tudo para não transparecer a carência que sentia principalmente familiar. O slogan dele na campanha era, “Várzea Grande uma grande família”. “Alegre e divertido, sempre estava preparado para ajudar e aprender. Mas quando ele era elogiado ou prestigiado, se emocionava dizendo se a pessoa tinha certeza da capacidade dele, ele mesmo não confiava nele" (sic), afirmou.

Duas situações que chamaram a atenção, segundo a presidente foram: a primeira quando ela o convidou para ser vereador, e ele não acreditava no convite. “Ele dizia, você acredita em mim? Acredita mesmo? E chorou de alegria. Em outra situação, recentemente, foi na entrega dos santinhos dele no inicio do mês. Filmamos a reunião e tenho gravado o momento em que ele surtou ao ver os santinhos. Lázaro chorou igual criança, ele não acreditava que era candidato, ele ainda duvidava de sua capacidade. Mas a felicidade dele de ter conseguido ser candidato surpreendeu a todos”, contou  Cida.


O suicídio

Na noite de domingo, Lázaro aguardou o momento em que uma carreta passava pela Avenida Filinto Muller, para se jogar na frente. Segundo testemunhas, o mototaxista se abaixou, e foi se arrastando até a roda da carreta para que sua cabeça fosse esmagada. O motorista não conseguiu frear a tempo.

Lázaro morreu na hora. O condutor ficou chocado ao ver o crânio esmagado. Policiais foram acionados e o Instituto Médico Legal (IML). O motorista foi levado para a Delegacia e após prestar depoimento foi liberado. Testemunhas confirmaram a polícia que o acidente teria sido suicídio.

A polícia encontrou um caderno no casaco de Lázaro, onde ele escreveu várias frases, sem coerências. Em uma delas, ele dizia que “iria para a terra prometida, em outra ele afirmava que o Céu é Jesus, Terra é o homem, e o Inferno é a mulher. Abaixe a cabeça para Deus, perdoe minha irmã, isso tinha que acontecer”.

Familiares e testemunhas estão sendo ouvidos pela Polícia Civil. Tudo indica que o crime tenha sido suiício, mas a polícia colhe todas as informações necessárias para anexar ao inqueito e concluir o caso.